terça-feira, 28 de outubro de 2008

Serra do Caldeirão, Faro, Portugal


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Características Físicas A Serra do Caldeirão faz a fronteira entre o litoral e barrocal algarvios e as peneplanícies do Baixo Alentejo. Faz parte do maciço antigo, sendo constituída por xisto-grauvaque, rocha que origina solos finos e pouco fertéis. O seu ponto mais alto localiza-se no Baixo Alentejo, próximo da fronteira com o Algarve, onde atinge os 580 m de altitude; nos concelhos de Tavira e de Loulé possui diversos pontos em que ultrapassa os 500 m. A serra do Caldeirão, apesar da sua modesta altitude, forma uma paisagem muito peculiar, onde elevações arrendondas, os cerros, são cortadas por uma densa rede hidrográfica que na sua maior parte é constituída por cursos de água temporários, o relevo é por este motivo muito acidentado em diversos pontos. A influência climática da Serra do Caldeirão é muito grande. Constitui uma barreira física à passagem dos ventos frios do quadrante Norte e às depressões de Noroeste, contribuindo para a existência de um clima mediterrânico no litoral algarvio, com fracas precipitações anuais e temperaturas suaves no Inverno. Por outro lado, é também uma barreira de condensação para os ventos húmidos do quadrante Sul. As precipitações médias anuais variam; nas zonas mais altas dos concelhos de Loulé são superiores aos 800 mm anuais, mas à medida que nos aproximamos da fronteira estas vão descendo, até serem inferiores a 500 mm anuais nas regiões do Nordeste algarvio.

Vegetação A vegetação natural é influenciada pelas variações climáticas. Nas regiões mais ocidentais da serra predominaria o sobreiro (Quercus suber), associado ao carvalho-cerquinho (Quercus faginea)e ao medronheiro. Nas vertentes próximas do Vale do Guadiana predominaria a azinheira (Quercus ilex) associada ao sobreiro, que nestas regiões surgiria nas vertentes úmbrias próximas dos barrancos (linhas de água), à aroeira e à palmeira anã. O Homem ao longo dos séculos alterou esta paisagem,destruindo as florestas naturais para criar terrenos agrícolas e pastagens para o gado, resultando a paisagem actual, quase sem vegetação onde predominam os arbustos do género Cistus, adaptados aos solos entretanto destruídos pela erosão. A principal causa desta erosão foram os incêndios e as campanhas do trigo, na primeira metade do século XX; ao destruirem a vegetação natural, os solos ficaram expostos às chuvas torrenciais que os arrastaram ficando exposta apenas a rocha nua, processo acelarado pela inclinação dos solos típica das serras. Por este motivo a desertificação natural é muito preocupante nomeadamente nas vertentes mais a Leste da serra do Caldeirão. Os cursos de água principais seriam ladeados por galerias rípicolas, onde predominaria o freixo associado a outras espécies menos frequentes como o amieiro. Nos cursos de água mais pequenos predominaria a adelfeira.

Fauna A fauna seria constituída essencialmente pela lontra (Lutra lutra), pelo lobo-ibérico, lince-ibérico, saramugo, sapo-parteiro-ibérico, águia-de-bonneli, águia-imperial-ibérica, cegonha-negra, abetarda, veado, javali, coelho, lebre, gineta, bufo-real, entre outras. O lobo-ibérico desapareceu em meados do século XX, bem como a águia-imperial-ibérica. O lince-ibérico pensa-se que desapareceu nos finais do século passado; quanto à cegonha-negra, nidificava nas fragas da Foupana e do Vascão, mas de momento já não o faz. A abetarda surgia nas estepes planálticas do Nordeste, e a águia-de-bonneli nidifica de momento em alguns pontos da serra.

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